domingo, 30 de novembro de 2008

A transposição do Rio São Francisco permitirá o aparecimento de "novas Petrolinas", município que vive da fruticultura irrigada voltada à exportação

Suape lidera atração de projetos a PE
Projetos avaliados em US$ 15 bilhões sustentam o novo ciclo de crescimento em Pernambuco, que lidera a expansão da Região Nordeste, acima da média nacional. Empreendimentos recém-concluídos ou em fase de implantação devem contribuir para manter o ritmo em 2009. A soma de investimentos públicos e privados resultou na criação de cadeias produtivas ao redor de grandes pólos, capitaneados pelo Porto de Suape, que está recebendo estaleiro, refinaria, moinho e indústrias petroquímicas, com a geração de 25 mil empregos.

Para evitar a concentração econômica na região metropolitana, o governo estadual lançou uma política de incentivos fiscais para a instalação de empresas no interior. Já a transposição do Rio São Francisco permitirá o aparecimento de "novas Petrolinas", município que vive da fruticultura irrigada voltada à exportação.

(Valor Estados - Sinopse Radiobrás)

terça-feira, 19 de agosto de 2008

A vaca do sertão (Sebastião Nery - Tribuna da Imprensa)

Manoel Novaes fazia comício em Irecê, nos estorricados sertões da Bahia. Um candidato a vereador pegou o microfone:

- Minha gente, quem deu a nossa perfuratriz?
- Foi Novaes!
- O que é a perfuratriz faz?
- Tira água do chão e dá água para nós.
- E a vaca que dá leite para nossos filhos, bebe o quê?
- Bebe a água que a perfuratriz tira do chão.
- Então, quem dá leite a nossos filhos?
- É Novaes!
- Portanto, vamos votar em Novaes, a vaca do sertão!
Manoel Novaes

Durante mais de meio século, Manoel Novaes, nascido em Pernambuco e a vida inteira vivida na Bahia, cujo centenário foi em 6 de março último, alto, quase dois metros, voz de trovoada, cara grande e generosa de sertanejo, olhos ensolarados, foi exatamente isso: a vaca santa, leite e esperança, emprego e trabalho, no infinito sertão do São Francisco.

Manoel Novaes foi uma vida a serviço de um rio muito longo e um sertão muito seco. Médico, estava na Constituinte de 34. Na de 46, também. E conseguiu ver aprovado 1% da receita tributária da União para aplicação no Vale do São Francisco. Daí nasceu a Codevasf (Companhia de Desenvolvimento do Vale do São Francisco). Já advertia Novaes:

"Cometeremos um erro insanável se adiarmos por mais tempo seus problemas. As precipitações pluviométricas da região se tornam irregulares de ano a ano, as condições de navegabilidade pioram, as erosões das margens alargam e obstruem o leito, a evaporação das águas aumenta".
Ayres Brito

Sessenta anos depois, o São Francisco volta a ser o centro de um aflito debate nacional. O governo apresentou um projeto bilionário para transpor uma parte de suas águas e distribuí-las por estados do Nordeste. Tudo certo, se o rio tivesse saúde. Mas o rio está cada dia mais doente. Doente não doa sangue. Precisa de sangue. O ministro Carlos Ayres Brito, do Supremo Tribunal, sergipano, nascido às margens do rio, protesta:

"Promover a transposição de águas do São Francisco no contexto atual equivale a fazer transfusão de sangue de um doente terminal na UTI".

O assoreamento aumenta a cada dia, a ponto de hoje toda a extensão do rio possuir imensos bancos de areia, separados por estreitas vias por onde só conseguem passar pequenas lanchas de passeio. É um rio esvaído. E o governo quer matá-lo, a serviço dos empresários da irrigação.
São Francisco

Antonio Conselheiro disse que o sertão ia virar mar e o mar virar sertão. Já começou. Da hidrelétrica de Xingó até a foz do rio são 208 quilômetros, separando Alagoas e Sergipe. O leito do rio está quase todo transformado em um imenso mar de areia, bancos de areia. A 135 quilômetros da foz se pescam peixes de alto mar, como o robalo.

É o avanço das águas do oceano. A ponte que liga Sergipe a Alagoas, a 45 quilômetros da foz, até há poucos anos tinha uma lamina de água de 45 a 55 metros. Hoje, qualquer um pode atravessar o rio a pé, de moto ou a cavalo. As águas do rio chegam ao mar apenas por dois pequenos canais nos lados extremos da ponte. Quem duvidar, é só ir lá ver o desastre.
Transposição

De repente, o governo parou de falar na transposição. Há um mistério. Ninguém sabe como anda, se anda, se desanda, o projeto da transposição. O governo deve estar recuando por causa das mais de 20 ações que estão no Supremo Tribunal. Em voto, como sempre culto e brilhante, numa delas, o ministro Ayres Brito apontou a inviabilidade:

- O modo como o governo promove a licitação das obras da transposição agride ostensivamente os princípios constitucionais.

O fato de o São Francisco ser um rio nacional, que cruza cinco estados, implica em que qualquer obra nele realizada, visando beneficiar terceiros, tem que ter prévia autorização do Senado. E não houve. E o governo de Minas denunciou que não foi feito o Rima (Relatório de Impacto Ambiental) na bacia do rio, à margem dos estados por onde passa.
João Alves

Coordenado pelo ex-governador de Sergipe, João Alves, engenheiro especialista em recursos hídricos e com vários livros publicados sobre energia, rios, águas, chuvas e secas do Nordeste, e com estudos de técnicos, professores, ecologistas e membros do Ministério Publico, será lançado um livro que deverá chamar-se "Verdades e mentiras sobre o São Francisco".

É um estudo minucioso, detalhado, completo. Vai mostrar "o que o rio sofreu, pelo descaso das autoridades brasileiras, sem os mais elementares cuidados para sua preservação, com o surgimento de mais de 500 municípios às suas margens, o desmatamento indiscriminado da vegetação ciliar, o lançamento dos esgotos `in natura' das cidades, a instalação de indústrias sem a mínima vigilância ecológica, lançando todo tipo de detritos, e os efeitos destrutivos das explorações minerais e, mais recentemente, as águas contaminadas com agrotóxicos de irrigação".

Até o Banco Mundial vetou o projeto e se negou a financiá-lo, alegando que "com uma fração dos recursos (R$ 6,5 bilhões, que logo devem chegar a R$ 10 bilhões) que serão alocados, se poderia levar água potável a todos os habitantes do semi-arido brasileiro", do Nordeste. É o mensalão fluvial.

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domingo, 10 de agosto de 2008

Sem protestos, transposição do São Francisco já começou

Em Cabrobó (PE), a igreja onde o bispo d. Luiz Flávio Cappio fez greve de fome contra a transposição do Rio São Francisco está fechada.

Não há mais protestos contra a obra e as máquinas do Exército abrem em ritmo acelerado dois canais que vão desviar as águas do rio, relatam os enviados especiais Ribamar Oliveira e Wilson Pedrosa.

Já foi escavado 1,6 milhão de m3 de terra.


(O Estado de São Paulo - Sinopse Radiobrás)

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2008

Ciro bate-boca com Letícia Sabatella ao defender transposição do São Francisco

14/02/2008 - 14h44


O deputado Ciro Gomes (PSB-CE) bateu boca nesta quinta-feira no plenário do Senado com a atriz Letícia Sabatella por divergências sobre a manutenção das obras de transposição do rio São Francisco.
Ciro disse que escolheu como opção de combate sobre o tema "meter a mão na massa e às vezes, [a mão fica] suja de cocô".

"Não sei se estou no mesmo lugar que o seu, mas é parecido. Eu, ao meu jeito, escolhi a opção de meter a mão da massa, às vezes suja de cocô, às vezes.

Mas minha cabeça, não, meu compromisso, não", disse Ciro dirigindo-se à atriz.

Defensor das obras, Ciro entrou em choque com a atriz que o interrompeu várias vezes enquanto ele discursava no plenário do Senado. "Tecnicamente é necessário que os críticos tomem juízo, não no sentido negativo da palavra, mas para ver se é possível", disse ele. "Por alguns [críticos] não tenho respeito. Faço honestamente essa confissão porque não percebo boa fé em alguns."

Antes de se desentender no plenário com a atriz, Ciro criticou o bispo dom Flávio Cappio, que fez greve de fome em protesto contra obras de transposição. Segundo o deputado, o religioso não compareceu a todas as oportunidades de debate sobre o assunto.

O Senado promove uma sessão para discutir as obras de transposição do São Francisco no plenário Casa. Além de deputados e senadores, participam do debate o ministro Geddel Vieira Lima (Integração Nacional) e artistas. Geddel e o senador Cesar Borges (PTB-BA) também divergiram publicamente.

Porém, em entrevista, Geddel evitou confrontos principalmente com dom Cappio. "Posso até discordar da maneira dele. Mas defendo o direito dele de discordar e manifestar suas posições", disse o ministro.

Geddel afirmou ainda que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva deve visitar o local das obras do São Francisco nos próximos dias. "Acho que a sociedade brasileira está extremamente madura para saber o papel de cada um na democracia e para saber o importante papel da igreja e de outras entidades da sociedade civil e a legitimidade do governo para montar seus projetos", afirmou ele.

segunda-feira, 7 de janeiro de 2008

Recomeçam obras de transposição do São Francisco

São Paulo - Com o fim do recesso do 2º Batalhão de Construção e Engenharia do Exército hoje, serão retomadas as obras do projeto de transposição do Rio São Francisco, segundo informações da Agência Brasil. Desde junho de 2007, os militares executam trabalhos de topografia e construção de uma barragem e dois canais de aproximação do rio com as estações de bombeamento, na região de Cabrobó (PE).

Em dezembro do ano passado, uma liminar do Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF1-1) chegou a suspender as obras, até o Supremo Tribunal Federal (STF) decidir pela continuidade do projeto.

Solange Spigliatti


http://noticias.uol.com.br/ultnot/brasil/2008/01/07/ult4469u16750.jhtm